Objetivo foi absorver a experiência em Minas Gerais para aplicar em Cuiabá
Nesta quarta-feira (28), uma comitiva do Mato Grosso esteve na Apac de Betim com o objetivo de conhecer o trabalho desenvolvido pela unidade e replicar a metodologia em Cuiabá, capital do Estado. A visita integra os esforços do Mato Grosso para implantar sua primeira unidade da Associação de Proteção e Assistência aos Condenados (Apac).
A unidade de Betim, que atualmente acolhe 168 recuperandos — termo utilizado para quem cumpre pena na instituição —, se destaca por seu modelo humanizado. A metodologia combina trabalho, estudo e apoio espiritual, com o objetivo de transformar a perspectiva de vida dos internos.
“Conhecemos o método na teoria e agora viemos ver na prática. Já temos a Apac de Cuiabá no papel e o terreno disponível. Estamos aguardando a promulgação da lei para que nossa unidade se torne realidade em breve”, explicou a presidente do Tribunal de Justiça do Mato Grosso (TJMT), desembargadora Clarice Claudino da Silva.
A comitiva contou também com a presença de representantes do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG). O desembargador José Luiz de Moura Faleiros, presidente da 1ª Câmara Criminal do TJMG, destacou que Minas Gerais é referência nacional no modelo Apac, com 69 unidades em funcionamento.
“Eles visitaram ontem a unidade feminina, em Belo Horizonte, e hoje estão na masculina, aqui em Betim. O objetivo é compreender a prática, não apenas a teoria. Essa troca de experiências já beneficiou outros Estados, como Rio Grande do Sul e Maranhão, e agora será a vez do Mato Grosso”, afirmou.
Diferencial do método
Durante a visita, a comitiva percorreu os setores de cumprimento de pena em regime fechado e semiaberto. A unidade surpreendeu por sua estrutura diferenciada, que inclui biblioteca, barbearia, farmácia, salas de aula e espaços para artesanato. Essas iniciativas têm como foco a capacitação profissional e a educação, preparando os recuperandos para a reintegração social ao final da pena.
A eficácia do modelo é comprovada por números expressivos: 86% dos recuperandos das Apacs não reincidem no crime, de acordo com o Conselho Nacional de Justiça (CNJ). No sistema prisional tradicional, o índice é praticamente oposto, com cerca de 80% de reincidência.
Para o juiz diretor do foro da Comarca de Betim, Carlos Macedo, a unidade é um exemplo de transformação e ressocialização:
“Aqui mostramos que é possível olhar para o cumprimento da pena de uma forma diferente, com foco na dignidade e na recuperação.”
Expansão da metodologia
Além de visitar Betim, a comitiva esteve em Belo Horizonte, onde conheceu a Apac feminina. A expectativa é que o know-how adquirido em Minas Gerais contribua para a consolidação do modelo Apac em Cuiabá, ampliando o impacto positivo dessa abordagem no sistema prisional brasileiro.