Existe um provérbio africano que diz ser necessário uma aldeia inteira para educar uma criança. O dito é antigo e coloca na sociedade como um todo a responsabilidade de cuidar dos pequenos. Os tempos mudaram e as formas de cuidado também. É importante, então, que todos estejamos preparados para isto.
A saúde mental das crianças e adolescentes nunca poderia ter sido negligenciada. Mas ela foi. É o que mostram casos como o ataque realizado por um aluno de 13 anos na zona sul da capital paulista, na última segunda-feira (27). Uma professora foi morta e outras quatro pessoas, três docentes e um estudante, ficaram feridas.
Infelizmente, o ataque de segunda-feira não foi um caso isolado. Um relatório apresentado pelo governo federal em dezembro passado indica que 35 estudantes e professores tinham sido mortos em ataques a escolas no Brasil desde o início dos anos 2000. Antes disso, não há relatos de casos de violência extrema em escolas no País. A tabulação dos casos indica que, desde o início do ano 2000 até 2022, houve 16 ataques em escolas no Brasil, quatro deles no segundo semestre do ano passado. Além das 35 mortes, 72 pessoas ficaram feridas. Os números ainda não contabilizam a ocorrência desta semana.
Lidar com emoções e frustrações é um desafio para todos. Voltando ao conceito de aldeia, além de políticas públicas que tenham a participação de pais e professores, a sociedade como um todo deve se envolver nesse debate. O tema é delicado e a solução deve ser coletiva. Olhar para o assunto com atenção e sem julgamentos é um caminho não só para evitar novos ataques letais como o de segunda-feira, mas também assumir a responsabilidade sobre a saúde e bem-estar mental das nossas crianças e adolescentes.